COISAS SÃO ASSIM

Quem atravessa o deserto... tem sede

Quem conhece a miséria... Tem fome

Quem enfrentou o horror... tem medo

Quem esteve com vigaristas... Foi enganado

Quem esta fugindo... Tem pressa

O leão que esta rugindo... Tem fúria

O lobo que uiva... Tem noticias

O velho sentado no parque... tem memória

A moça debruçada na janela... tem pretendentes

Os pretendentes da moça... tem intenções

A beata no altar... tem fé

A mulher que vai as compras... quer promoções

O senhor que vai a lotérica... tem esperança

O pai que espera o filho... Tem preocupações

A mãe que embala seu pequenino... Tem amor

O jovem que sai para a noite... quer diversão

A cidade que o acolhe... quer lucro

O comerciante que anuncia... quer clientes

O eleitor que vai votar... quer melhorias

E precisa de fé...

E de esperança...

O político que pede seus votos... tem interesses

E talvez... também conheça vigaristas

O sol que hoje nasce... quer calor

A lua que vira... quer poesia

O poeta que tudo isto escreve... quer versos

Quer noite...

Quer sol...

Quer amor...

E esperança...

Quer tudo...

Tem tudo...

Não tem nada...

E senhor e rei...

E servo é vassalo

É pretendente...

Já foi pretendido?

Temi desertos e conhece sede

E humano...

Fala demais...

E agora se cala...

Pois quem escreve poesia... também pontua finais.