puro orvalho 2
Eu a vi inesperadamente
Orvalhada, ao relento,
Solitária...
Meu coração disparou
Fui tomado pelo sentimento
De eternidade, um vácuo
Se abriu e fui jogado ao
Inferno do amor não
Correspondido...
Lutei, sofri, me perdi...
Quando sai estava em
Estado de morte....
A segunda vez, já recuperado
Mas ainda ingênuo, meus olhos
Tocaram suas pétalas molhadas,
No vento, indiferente, etérea,
Mas real...materialmente linda
Livre, orvalhada...muito
Orvalhada. Cai no seu sono,
No seu mistério, na sua beleza
Suave ... no seu infinito lunar
ajoelhei e pedi perdão
Por não estar à sua altura..
Tornei-me místico, Como numa
Possessão fui dominado, enganado
Tripudiado e amado...
Quando vi que apenas
Um fio de vida ainda
Me guiava na terra,
Consegui escapar da usa
Imensa beleza...queria
Desaparecer de sua frente
Nunca lhe ver, nunca
Ser acariciado pelos
Seus segredos...
Passou-se anos, a flor
Dura a eternidade? creio
Que sim! Encontrei
Numa tarde de verão...
Suas pétalas orvalhadas,
Muito orvalhadas
Davam decência a sua solidão...
Um frêmito me subia a espinha,
Minhas artérias me sacudiram
E diante da flor, um comoção
Me entrou pela pele, e sua profunda
Beleza tomou conta do meu juízo....
Um orgasmo, ou uma morte, mas...
Fraco, entristecido
Deixa-a a passos pesados, cheio
De duvidas, me afastei, me afastei
Até encontrar um lugar seguro....
Até que já velho, cheio de marcas
E de outras flores, tão ou menos
Orvalhadas, ou sem orvalhos...
Ou secas de deserto, apenas talo,
Apenas ser...Ser...eu voltei e de novo
Estava minha flor orvalhadamente
Verdadeira...olhei, um lagrima
Caiu e segui meu caminho sem
Flores...o caminho natural
De não se fundir com o coração
Amado...