QUANTAS VIDAS...

São minhas dores que você quer?

Minhas lagrimas?

Duvido...

Meu anjo a muito que te percebi cansada

Você sofre... mas prefere fingir

Fica calada...

Mas eu percebo

Não há palavras adequadas nesta língua que falamos para que eu a console

Nem nesta nem em nenhuma outra...

E que dialeto e este mesmo?

A linguagem do não querer?

O idioma do fingir?

Nos entendemos bem...

Eu te ofereci uma rosa numa manha qualquer de outono

As arvores exausta deixavam que suas folhas amareladas conhecessem o solo

O mundo parecia ter apenas tons pastel

E você estava linda...

Caminhei contigo por alamedas tão belas que pareciam gravuras

Uma beleza tão contundente que doía...

A beleza dói às vezes você lembra?

A beleza da mulher dói sempre...

Uma pontada aguda no coração ao olhar-te nos olhos

Um repuxão sofrido na alma quando você sorri...

Sentamos num decrépito banco daquela praça

A nossa volta o mundo cantava suas canções...

Um senhor idoso cantando saudades num olhar perdido

Adolescentes apaixonados entoando amores inexperientes nos troncos das arvores

Crianças irrequietas correndo e gritando suas canções de felicidade infantil

Peguei em tua mão pequenina e fria

Estávamos naquele momento no centro do mundo

Eu fui feliz naquele instante...

E você será que foi?

Eu jurei amores em francas e sinceras promeças impossíveis

Prometia a lua...

As estrelas

Todas as galáxias deste universo

E fiquei feliz ao colher como premio teus sorrisos

Outros tempos...

Agora tenho diante de mim este teu olhar cansado

Quantas vidas viveste neste período em que estivemos ausentes um do outro?

Vivi muitas...

Você talvez ainda mais

Dizes que queres saber de minhas historias e tragédias

Que quer amparar minhas dores...

Ah menina você não pode mais fazer isto

Vem senta aqui comigo

Esquece os conselhos

Ignora as convenções de boa moça solicita

Vem apenas vem

Deixa que o tempo cuide de nos.