AQUELE QUE AINDA VOA
(A inveja das asas...)

Eu sou sempre aquele que sonha,
Enquanto os outros fazem.
Sou sempre aquele que seria,
Enquanto qualquer um acontece.
Se fosse para dizer, sei o que diria:
Diria que ninguém me merece,
Mesmo sem saber se isto é bom ou ruim
Nem se é para alguém ou para mim...

E eu odeio me sentir assim!

Essa paciência infinita na sala de espera,
Essa espera sem fim depois ainda do fim,
Desse fim sonhado de mais uma quimera...
Eu odeio me sentir assim,
Tão certo de mim e incerto do que eu era.

Amanhã hei de sacudir o pó das sandálias
E abandonar triunfalmente este mundo.
Essa merda que fizemos de nós mesmos,
Esse nada que é tudo que sempre fazemos,
Esse tão pouco que é tudo o que temos...

Amanhã hei de sacudir o pó do mundo
E abrir triunfalmente minhas asas.
Dentro de mim mora um menino,
Esse eu verdadeiro que é aventureiro.
Dentro de mim morre um poeta,
Que ainda se emociona com o que é bonito
E que é sempre pego assim mesmo: sorrindo,
De peito aberto e braços abertos como asas
Diante do abismo, saudando em voo o infinito...
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 23/07/2012
Reeditado em 06/05/2021
Código do texto: T3792737
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