ACEROLEIRA

na ponta do pé sob o pé de acerola

se estica a menina

estende a mão – universo a fora!

futuca estrelas, mexe auroras

mas não quer tê-las,

onde está sua acerola?

ao alcance dos meus olhos

na forma de um sorriso

de ver na ponta do pé a perna

banhada de luz e liberdade,

tomada pelo desejo

e pelo beijo que virá nestante.

algum instante de paz

fotos de parentes na estante

numa sala sem televisão,

ainda que pra falar de novelas

ouvir a voz de quem ama

um sono de tarde, a cama...

nem gosto muito de acerola

e acho que ela não muito também,

mas seu short tem listrinhas

ora claras, ora rosas!

E ela se esquiva do arame farpado:

nada pode ser mais bonito!

Acerola guarda um gosto

levemente azedo, esquisito...

como de fala necessária

de alguma discussão mais séria.

jinje de fruta imatura,

colorida, mas ainda “de vez”

beliscão que desencanta

a pretensão boba de perfeição.

descasca a felicidade cega

e nos revela amor de verdade.

a’cerola dá à felicidade um tom

muito doce de realidade.