Irmão de sorte
Vês e não me olhas
Tu, nobre, poderoso, rico
Eu, pobre...
Meu irmão de sorte.
Se me olhasses,
por um breve instante que fosse,
verias também o quanto somos semelhantes,
meu irmão de sorte.
Eu, vivo, “rico”, forte
Tu, irmão de pobre espírito.
Com desdém, dize-me: não somos iguais
nem semelhantes.
E a vida te denuncia
aquele fatídico dia,
meu irmão de sorte.
O que temos?
O que somos?
A nossa sorte, meu irmão.
Ela nos iguala a todos.
Nem ouro, nem prata,
nem nobreza, nem riqueza
resgata a nossa vida.
Resta-nos apenas o que plantamos, meu irmão.
Só o que plantamos.