EXEMPÇÃO
EXEMPÇÃO
"De que me vale a palavra
se não rasga a carne
não fere a navalha
não engana, quebra a armadilha?"
(jgm)
Eis o corpo do morto exposto
sem nenhuma expressão no rosto
Acabou, está a gosto
era palavra, está morto.
Na olaria dos sonhos perfeitos
sua falta de dom esqueceu o jeito
de transformar barro em arte viva
para aninhar planta com carícia.
O corpo do morto está exposto
Era poema que não tinha corpo
Palavra que não rasga carne
que não se arrisca na navalha.
Oleiro de pouca serventia
achou que sua obra servia
Rachou no forno que aquecia
sem transformar palavra em poesia.
O corpo do moço tem que emocionar
quem olhar sua obra possa um dia
gravada no calor da tipografia.
Despertar teus sentidos não poderia
que a palavra do corpo do moço exposto
não tinha rosto, não tinha olho
era palavra ajuntada
não tinha nenhuma magia
assim ficou morto
esposto na beira do poço
para onde rolará um dia
crente que fizera poesia.
Isento de qualquer culpa
já que não é poeta
quem palavra ajunta