Quaresma.

E foi a tua carne o meu sentido

O nada mais dizer em cada gesto,

O fundo do prazer por mais contesto

E o não viver de tudo já vivido.

E foi a tua falta um mau conselho

As sombras deste medo indistinto

As ruas se perdendo em labirintos

E o mundo se partindo em mil espelhos.

E foi a tua carne o meu juízo,

Um mau destino, karma vão, venal,

A servidão em preço vil, preciso;

Futuro de um presente surreal

O espelho corta a face de Narciso

Perdido dentre lágrimas e sal.