Casa
Olhando o centro da parede,
Fixando o olhar
Para desativar o sentido do ouvido
E não escutar aquela voz
Que outrora eu amei,
Voz que saia daquela boca
Que outrora adorava beijar.
Hoje essa voz é um grunhido
Que machuca meus sentidos
Afastando-me da mulher amada,
Esses beiços que antes
Era um espetáculo de baile
Agora não passa de um show de horror
Inútil e degradante.
Tinha um quadro nessa parede
De um artista não famoso da cidade,
Presente de casamento,
Que via a cena de camarote,
Via a minha indiferença,
E da outra a desgraça,
Pobre mulher.
Quando o amor acaba
Só sobra a dor no coração,
Porque a separação
Não perdoa nenhum lado,
Nem aquele que ainda é amado,
Nem aquele que ainda é desgraçado.