[A Escura Visão do Prazer]
Ninguém, exceto os loucos, abraça o vazio: na vida, há... e há o outro;
e quando se está só, há... e [só] há o ser amado no crescente da falta!
Por que, olhar a cara do perigo, tentar incondicionalmente, e até gemer na trilha íngreme do prazer exige-nos a mais profunda sensação do outro; requer, enfim, o inefável sentimento de entrega ao ser amado — rendição total!
Porém, é só nossa a colheita do desejo que nos traz, no acme da subida, o êxtase, aquela escura visão do desmoronar do tempo — como já experienciamos, o realizar do ápice do gozo é ato solitário, embora muitos cuidem que não!
Cada um, cada um: só falo e só escrevo o que [muito] sinto!
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[Desterro, 21 de julho de 2012]