Tradutora de sentimentos
Olha o céu que lhe acerca
E para o tempo admirando,
Asas prontas na janela,
Alma doce delirando.
Perde as horas em silêncio,
A mudez tanto lhe instiga:
O aroma suave e hortênsio
Da monotonia que não fadiga.
Busca longe, em outros mundos
O que talvez lhe falte aqui,
Mas nem chora tão profundo
Pois nem seu choro sabe sentir.
Na madrugada, as horas passam
E por momentos pensa cair;
Por tão longe já voavam
Seus pensamentos a lhe nutrir.
Por fim adormece da fantasia
E já não lembra se caiu,
De tantas asas que a alma lhe abria,
De tantos sonhos que no corpo se despiu.
Seu corpo, à terra descia,
Se perdera entre as monções;
Sua alma, ao céu subia,
Se convertera em emoções.