O LOUCO DA CASA

O LOUCO DA CASA

Criamos muitas couraças,

Na vida são tantas ameaças.

Chega a hora em que vou partir,

Fui criticado agora tenho que ir.

Não sei o que é pele ou couraça,

O que virá se será amor ou ameaça.

Ando de cabeça erguida para o poente,

De longe até pareço ser gente.

Somos o nosso próprio vilão,

Matamos por causa do pão.

Dói confiar no tal do irmão;

Na esquina ele será a traição.

Sangra a minha alma,

O corpo não se acalma.

A couraça foi de papelão,

Sou besouro esmagado no chão.

Não aposto no sucesso,

Aposto no meu regresso.

O sucesso é efêmero,

O meu tempo é nictêmero.

Joguei o relógio fora,

Os insetos voam lá fora;

No regresso volto à luz,

Todos esqueceram minha cruz.

A cantora da um agudo.

O judeu está tão barrigudo.

O pintor fez o sorriso do querubim.

Os bêbados dão festas no botequim.

O sucesso é a fração do segundo,

É a maldita rodada do mundo;

É o também o bolor que come o pão,

É o verme que engorda dentro do caixão.

O fracasso é a lembrança,

É rezar com toda a esperança,

É o bolor na ultima fatia de pão,

É ter fome dentro da escuridão,

Querer cantar a beleza desafinada,

Mas sentir que a sua alma esta acabada;

O fracasso é fugir para o intimo exílio

E perto de todos sofrer um martírio.

Então aprendi a me avaliar baixo!

Mesmo de nariz empinado sou cabisbaixo,

Sou cria do meu pai.

Não posso falar ai.

Não tenho mais direito ao ir.

Caio sobre a terra escura,

Limpo a poeira como uma cura,

Guardo as minhas asas de querubim

E tenho apenas que sorrir... enfim.

Andre Zanarella 28-02-2012

Nictêmero = Espaço de tempo que compreende um dia e uma noite.

André Zanarella
Enviado por André Zanarella em 19/07/2012
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