AOS GRANDES MODERNISTAS

E agora, eu José?

Lá fora chove e a estátua do Floriano fica linda.

Sou quase tão triste como um homem que usa costeletas;

tenho me surpreendido a cumprimentar os gatos

e a pedir desculpas ao mendigo.

Não vê que me lembrei que lá no norte

um homem é brasileiro que nem eu!

Por isso, eu insulto o burguês-burguês,

a digestão bem feita de São Paulo, comoção de minha vida!

Paulicéia desvairada!

E vão fazendo telhados,

nem pensam nas crianças mudas telepáticas,

na anti-rosa atômica sem cor

sem perfume sem rosa sem nada:

Ah! Deixa disso camarada

me dá um cigarro!

Só tenho poesia para vos dar,

abancai-vos meus irmãos!

Mas, e se as feias não me perdoarem, posto que é chama,

mas que seja infinito enquanto dure?

Fique torto no seu canto: não ame!

Ah… eu José, e agora! De tudo quanto falhado:

engoliu um dia um piano,

mas o teclado ficou de fora.

Stop!

A vida parou

ou foi o automóvel?

Mas tu és duro mesmo, eu José! Ah… se você morresse…

Eu faço versos como quem chora,

eu faço versos como quem morre!

Homenagem aos grandes poetas: Carlos Drummond de Andrade, Jorge de Lima, Manuel Bandeira, Mário de Andrade, Murilo Mendes, Oswald de Andrade e Vinícius de Moraes.

Eduardo Marçal Silva
Enviado por Eduardo Marçal Silva em 19/07/2012
Código do texto: T3786791
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