AOS GRANDES MODERNISTAS
E agora, eu José?
Lá fora chove e a estátua do Floriano fica linda.
Sou quase tão triste como um homem que usa costeletas;
tenho me surpreendido a cumprimentar os gatos
e a pedir desculpas ao mendigo.
Não vê que me lembrei que lá no norte
um homem é brasileiro que nem eu!
Por isso, eu insulto o burguês-burguês,
a digestão bem feita de São Paulo, comoção de minha vida!
Paulicéia desvairada!
E vão fazendo telhados,
nem pensam nas crianças mudas telepáticas,
na anti-rosa atômica sem cor
sem perfume sem rosa sem nada:
Ah! Deixa disso camarada
me dá um cigarro!
Só tenho poesia para vos dar,
abancai-vos meus irmãos!
Mas, e se as feias não me perdoarem, posto que é chama,
mas que seja infinito enquanto dure?
Fique torto no seu canto: não ame!
Ah… eu José, e agora! De tudo quanto falhado:
engoliu um dia um piano,
mas o teclado ficou de fora.
Stop!
A vida parou
ou foi o automóvel?
Mas tu és duro mesmo, eu José! Ah… se você morresse…
Eu faço versos como quem chora,
eu faço versos como quem morre!
Homenagem aos grandes poetas: Carlos Drummond de Andrade, Jorge de Lima, Manuel Bandeira, Mário de Andrade, Murilo Mendes, Oswald de Andrade e Vinícius de Moraes.