Tempo da inocência

Tempo da inocência

Juntando cacos e ossos

Caminho com pés descalços

Na poeira do asfalto

De terra batida.

Os primeiros passos, na vida...

Vida em transe

Transeuntes de maldade

Exceções?

Joia rara!

Diamantes, lapidados...

Seres sagrados

Iluminados atos.

O percalço é longo, lento, tenebroso

Fantasmagórico, fraudulento,

Traiçoeiro...Felino...Mordaz.

Passos firmes no caminho

Cubro com manto o chacra cundalíneo..

Animais, famintos de bocas e dentes

Caminham sem pernas, quatro patas

Neanderthal...

Em labirintos que chamam de casa

Cavernas.

Sem luz, nem lanternas

Navegam em caravelas naufragadas.

Sorriem da própria miséria

Gatunos noturnos

Querem os anéis de saturno.

Preciso de sangue de feras, nas veias

Tecido com teias, grades e telas

Barcos sem vela, na areia.

Tenho mãos feridas

Asas abatidas, magras.

Devaneios mortos

Espectros de si mesmo.

Vejo no horizonte

Infinitas cores de aquarela

No deserto de mim

Grão de areia no deserto de nós.

Mirando alvo, feito bala

Acertaram-me socos na face d'alma

Salvo por proteção Divina.

Me transporto

Num transporte aéreo

Em conexão com o universo

Nos versos das Orações!

Miragens e navios sem cais

Paisagem onde paisagem não há

Nem uma só estrela

Crime, vítima e réu

Trevas no céu.

Zero grau

Santo Graal

Pai

Tenho sede.

Dá-me Tuas Mãos, Tua rede...

Invento

Tento

Contar histórias celestiais

Do tempo da inocência

A ermo.

Ouvido atentos

Minha voz, vejo

A voz interior

Se fiz mal a alguém

Perdoe-me Senhor!...

Choque elétrico

Areia movediça.

Escuridão sem fresta de luz

Ausência de céus azuis

Diluindo-se feito gelo n'água.

O tempo da inocência.

O mergulho do menino em águas de rios

Vindo a tona um tempo sem lona

Desafios...

Sem circo e sem palhaço

O bobo da corte

Que faz à corte, com palavras...

Engolidas goela adentro

Choro, soluço, engasgo

Degusto orgasmo

Regurgito versos.

Arranco solavanco, manco

Com pés sem freios

Cavalos sem sela, sem arreios

Pinoteando

Eu, embaixo

Sendo pisoteado pelos cascos da vida

Cacos corroídos, gemidos, asco...

Escorri ladeira abaixo

Feito enxurrada, lama.

Fui apedrejado pela inveja...

Nunca atingido

Protegido pela Paz!

Naufraguei tantas vezes

Sem boia, sem taboa de salvação

Fui meu próprio salva-vidas

Nas dores das aflições.

Vela acesa, apagada

Sou chama.

Nos varais pingos d'água,

Secando...

Bocejos de luares n'alma

Alinhavo com sóis, os danos

Costuro as cicatrizes, dos anos...

Sangrando...

Tony Bahia

Tony Bahia
Enviado por Tony Bahia em 19/07/2012
Reeditado em 22/07/2012
Código do texto: T3785918
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