Comigo mesmo
Nem sei por que 'screvo tanto,
Por ter sido um trovador?
Certamente, é pelo encanto...
Por eu ser compositor?
Eu sei por que amo tanto
Ver o céu, o mar e a cor...
Num orvalho há tanto encanto,
Quando envolve aquela flor.
Nem sei por que adoro tanto,
No voar d'um beija-flor...
Também posso ver o encanto,
Nu'a abelhinha sobre a flor.
Eu sei por que adoro tanto
Ver a brisa, a abelha e a flor...
Na floresta, ouvir um canto,
— D'um canário, cantador.
Nem sei por que canto tanto...
P'ra espantar a minha dor?...
Talvez, p'ra adornar o canto —
Da Andorinha, qu'é um amor!
Eu sei por que adoro tanto,
Tanto, tanto..., tanto, tanto...
Que nem sei mais quantos tanto,
Tem num encanto, num acalanto.
Nem sei por que sofro tanto,
Se sou um bardo sonhador...
Entretanto, enxugo o pranto,
Ao versar no resplendor.
Só sei por que choro tanto —,
Quando vejo o mal no andor;
Com certeza, é o desencanto...
P'ra enlutar todo esse ardor!...
Paulo Costa (Pacco)