... Ventos alísios...
Ventos alísios
Alisavam-lhe
O corpo.
Hoje os beija
-flores não vieram
Como ontem.
As flores, mesmo
Assim, teimam
Em abrir botões.
Mas os galhos
Decadentes
Do cajueiro caem
Mal suportando
o prolongamento
Estéril do tempo.
As formigas laboram,
Sempre repetindo
As mesmas rotinas
Alheias a tudo
Que não se adequem
Ao seu dia-a-dia.
Os joões-de-barro
Voam livres pelo céu
Procurando
Matéria-prima
Para fazer sua casa
E nela se aprisionar.
Já aquele pássaro,
Se o dono vacilar,
Escapa da gaiola
E ganha os céus
E a liberdade
Que sempre quis.
Os girassóis
Que nascem
E morrem estáticos
Se encantam
Pelo Sol
E bailam
Em homenagem
À estrela de quinta
Grandeza
Como quem continua
Depositando esperanças
Na... Vida.
Mas os ventos alísios
Continuam alisando-lhe
O corpo inerte e sem vontade...
(Danclads Lins de Andrade).