... Ventos alísios...

Ventos alísios

Alisavam-lhe

O corpo.

Hoje os beija

-flores não vieram

Como ontem.

As flores, mesmo

Assim, teimam

Em abrir botões.

Mas os galhos

Decadentes

Do cajueiro caem

Mal suportando

o prolongamento

Estéril do tempo.

As formigas laboram,

Sempre repetindo

As mesmas rotinas

Alheias a tudo

Que não se adequem

Ao seu dia-a-dia.

Os joões-de-barro

Voam livres pelo céu

Procurando

Matéria-prima

Para fazer sua casa

E nela se aprisionar.

Já aquele pássaro,

Se o dono vacilar,

Escapa da gaiola

E ganha os céus

E a liberdade

Que sempre quis.

Os girassóis

Que nascem

E morrem estáticos

Se encantam

Pelo Sol

E bailam

Em homenagem

À estrela de quinta

Grandeza

Como quem continua

Depositando esperanças

Na... Vida.

Mas os ventos alísios

Continuam alisando-lhe

O corpo inerte e sem vontade...

(Danclads Lins de Andrade).

Danclads
Enviado por Danclads em 18/07/2012
Reeditado em 06/04/2013
Código do texto: T3785082
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