DOIS POEMAS...
VAZIO…
Há muito nada acontece dentro de mim.
Estou indo sem saber onde devo parar.
Nem mesmo sei por que estou indo…
Marco esta via com a planta do meu pé.
Não há cruz nem flores pelas encostas.
Outros foram e vieram antes de mim,
mas não vejo suas pegadas,
apagadas pela ventania!
Há muito nada acontece dentro de mim.
Se eu soubesse faria um verso gelado
e degustaria com o uísque da vida
que me embebeda nestes últimos
dias vazios que passam por mim!
Logo adiante deve haver um prêmio aos
que persistem nesta trilha; deve haver
um pote de ouro ou um arco-íris onde
todos se aprazeriam ao som de uma
insana guitarra e beijos molhados!
Há muito nada acontece dentro de mim.
Estou indo sem saber onde devo parar.
Nem mesmo sei por que estou indo…
DERRADEIRO POEMA...
A poesia me persuade desde o romper do dia
até a noite alta quando começo a namorar
com o novo poema do dia que despontará!
Se eu dormir demais e perder o verso arisco,
se com asas firmes voar para longe de mim,
se se livrar do silêncio inerente que possui…
...E desprender a voz na boca de outro poeta.
Morreria seco a espera da derradeira gota do
último verso que me cumpriria dar existência!
Que fosse letal a força do melhor poema
que já gerei, que fosse meu como nunca
fora a poesia de alguém, se fosse único!
Quem caminhará comigo de mãos dadas a
procura do mais perfeito poema? Enquanto
possuir disposição, ligeiro hei de caminhar...
Cancelei agora a poesia de hoje e de amanhã.
É que não me sairia bem um poema de olhos
embaçados e molhados de melancolia!
autor: IVAN CORREA.