Alado
Ah, corpo
De metal,
De minério ancestral..
Que alegria há no porvir
Que tristeza há no nascer
A vida é sempre devir
É um correr sem fim
O amor é assim
Desfeito a toda
Hora, afeito a destruição
Morrer pra nascer
Desistir pra ser...
E de novo se entregar
Ao seu corpo,
Que é casca de mar...
Amor, lindo e corroído
Abeira-se do rio
Do profundo rio do viver
Onde mortos se afogaram
Onde os vivos se magoaram
Onde as perdas se fundaram
Onde flores se jogam
E morrem afogadas...
Mas só aqui na profundeza,
No abismo e na incerteza
Nesse frio desesperado
Que o abrigo é sempre alado!