Alado

Ah, corpo

De metal,

De minério ancestral..

Que alegria há no porvir

Que tristeza há no nascer

A vida é sempre devir

É um correr sem fim

O amor é assim

Desfeito a toda

Hora, afeito a destruição

Morrer pra nascer

Desistir pra ser...

E de novo se entregar

Ao seu corpo,

Que é casca de mar...

Amor, lindo e corroído

Abeira-se do rio

Do profundo rio do viver

Onde mortos se afogaram

Onde os vivos se magoaram

Onde as perdas se fundaram

Onde flores se jogam

E morrem afogadas...

Mas só aqui na profundeza,

No abismo e na incerteza

Nesse frio desesperado

Que o abrigo é sempre alado!

Ariano Monteiro
Enviado por Ariano Monteiro em 18/07/2012
Código do texto: T3784593