FESTA NO CÉU

FESTA NO CÉU

Nossos atos nos escravizam

mais do que nos libertam

pois nos fixam em um momento

um infinito de tempo, um lapso

alem da boa sorte

aquém do arrependimento.

Escravos, também o somos

dos desejos, a fora os atos.

E estes nos torturam e matam

como os militares de sessenta e quatro

torturaram e mataram jovens idealistas

assim, sem nenhuma emoção.

Nossos amores são vãs promessas

de permanecia, pois, o mais perto

que chegamos é de lançar olhares

lânguidos, algo tristes, por sobre

os muros da humana contenção.

Devolvamos nossas almas

à liberdade do eterno plano.

Quiçá seremos, afinal, felizes

observando-as à voar, levando

nossos sentimentos, encarnados

em pássaros exóticos, tuiuiús

fênix, urubus, tucanos e jaburus

(sim, os belos jaburus)

pois só pássaros tão grandes

podem arrastar o nosso éter

flamas dilatadas de amar e de sofrer

até a alegria da grande festa no céu.

Ricardo S Reis
Enviado por Ricardo S Reis em 12/02/2007
Código do texto: T378279