FESTA NO CÉU
FESTA NO CÉU
Nossos atos nos escravizam
mais do que nos libertam
pois nos fixam em um momento
um infinito de tempo, um lapso
alem da boa sorte
aquém do arrependimento.
Escravos, também o somos
dos desejos, a fora os atos.
E estes nos torturam e matam
como os militares de sessenta e quatro
torturaram e mataram jovens idealistas
assim, sem nenhuma emoção.
Nossos amores são vãs promessas
de permanecia, pois, o mais perto
que chegamos é de lançar olhares
lânguidos, algo tristes, por sobre
os muros da humana contenção.
Devolvamos nossas almas
à liberdade do eterno plano.
Quiçá seremos, afinal, felizes
observando-as à voar, levando
nossos sentimentos, encarnados
em pássaros exóticos, tuiuiús
fênix, urubus, tucanos e jaburus
(sim, os belos jaburus)
pois só pássaros tão grandes
podem arrastar o nosso éter
flamas dilatadas de amar e de sofrer
até a alegria da grande festa no céu.