a mortalha branca
recolha-se ao canto
Silencioso
Ao baú guardado
Ás cartas de amor
Recolha-se á antiga
Estrada, reveja os traços,
as quedas e ás aceleradas
ladeiras.
As pedras já decifradas
Aos córregos que tocam
Seus sinos trincados
Recolha-se ao mundo
Antigo, releia velhos
Jornais, lembre dos
Rostos mortos, e dos
Rostos vivos. Da igreja
Do centro, da rua
De pedra e dos diversos
Amores que lhe conquistaram
e, claro, os que você
conquistou..
Recolha-se ao seu quarto
De parede descascada
Ao quintal florido
Ao desejo de ser tudo.
Ao desejo de ser nada.
Traga-se de volta a vida
Recolha o que já foi
E recolha a mortalha branca
Que ainda a contragosto
Cobre rosto de seus
Sonhos...