Paraíso artificial.
Quando mudou não se importou em me deixar ciente.
Desfez o sorriso do rosto e deixou uma carta sem remetente.
Para me avisar que nada mais fazia sentido.
Que já valia bem pouco e parecia perdido.
Jurou que fez o possível, que se esforçou.
Que agora tinha sumido o que um dia semeou.
Arrancou do meu peito o resto do meu coração.
Me fez caminhar deixando um trilha de sangue no chão.
Sem remorso me deu costas.
Ignorou as propostas.
Com uma frieza cruel me falou que era melhor assim.
Que já fazia algum tempo que se anunciava o fim.
Me calei, me refiz e fui caminhar.
Sem rumo, eu andei para não chegar.
Superficial, minha diva nociva e mortal.
Só tenho que agradecer pelo seu paraíso artificial.
Não rasguei as fotos, não queimei os presentes.
Só matei o maldito adolescente.
Que entregou o que tinha para alguém tão trivial.
Deitava ao meu lado mas escondendo de mim o punhal.
Traído, falido e ébrio agora eu vivo sem paz.
Atravesso as noites esperando o "Aqui jaz..."