Propósito

Qual navalha não sabe o caminho de uma veia?

Qual lâmina não conhece a profundidade de um corte?

Qual taça não entende o propósito do licor?

Qual espelho não vê em olhos tamanha tristeza?

Que canção não sente o retalhar de uma alma?

Que poesia não grita com seus versos de sangue?

Que amante não lacrimeja abismos desertos?

Que perfume não traz a nostalgia das eras?

Que noite não aparentou ser eterna frente a dor?

Que madrugada não entrou vazia em um quarto?

Que corte não era fundo o suficiente para deter o tempo?

Que olhar não obteve as rosas inventadas?

Que outono não derramou liberdade morta?

Que vida não existiu ao acaso de si mesma?

Diego Martins
Enviado por Diego Martins em 17/07/2012
Código do texto: T3781923
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