Cova Rasa

Hoje sei que não devo olhar para trás,

mas sei que estou perdido neste mundo.

Não tinha vida no passado,

perdido no presente e sem futuro.

O que fui ontem? Nem eu mesmo o sei!

O que sou hoje?

Uma mescla de ontem! Continuo sendo nada!

E o amanha?

Como saber? Se nem no hoje sei o que sou!

Um grande abismo o velho destino,

mas quem sabe seja diferente?

A esperança é uma semente que faz sonhar,

acreditar que a chuva irá passar e o sol raiar,

ilusões, ilusões, ilusões.....

Ouço a velha voz: Não assim meu irmão!

Ouço-me a dizer: Como assim ilusão?

E vem a resposta: Não sou a ilusão, sou a voz do seu coração!

esqueça o que foi, sejas o que queres ser!

Ponho-me a pensar: Mas o que quero ser? Onde quero chegar?

O que desejo é a paz, não a mim, mas ao mundo...

Quanta futilidade e a felicidade vai sendo enterrada,

não a sete palmos, mas a vários metros.

E eu aqui nesta cova rasa, vem a chuva, vem o sol,

surgem as estrelas e a lua.

Eu sem forças para me libertar, lutando para gritar

mal conseguindo respirar.

Minha cabeça na guilhotina, meu pescoço na forca

e minhas mãos amarradas.

Pá a pá a terra lentamente cobre-me, sufocando-me

e ouvindo a voz: O que fui? O que sou? O que serei?

Uma vez na vida poderia ser diferente!

Morro lentamente, deixando este maldito coveiro

me enterrar, até que me falte o ar,

que venha a escuridão, o silencio,

sem mais perguntas, sem mais respostas...

Nada! Nada! Nada...

Apenas o vazio e o frio nesta cova rasa...

Rafael Razador
Enviado por Rafael Razador em 17/07/2012
Reeditado em 29/07/2012
Código do texto: T3781834
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