trilhas
Então se deu de ele não saber qual das trilhas seguir. E não me venham dizer de contrastes. Não os havia. Eram trilhas mesmas. Como fossem uma só, que, por desastres de destino, tremores contínuos e erosões crescentes, dividiam-se, rancorosas. Uma e outra. Lado a lado. E nem se olhavam mais. Nem se davam conta da existência alheia de iguais. Cabisbaixas, seguiam. Trilhas que já não se sabiam a caminho de rios; trilhas que se mais desencontravam além de onde o sol se queda.
Plantou-se, pois, indeciso, ali, feito árvore. Um pé de alguma coisa tão triste que não pudesse florescer: vingasse, apenas, só e apenas de si. E foi mesmo que se arranjou de verdes, que se "rodeou" de mato e se pintou de cores, de flores que sonhava ali... Mas em que trilha?
Até que verões se escaldassem, outonos se deixassem levar pelos ventos e invernos se encolhessem de si, seria árvore, plantada ali, à espera de uma estação que nada também saberia dizer de rumos. Nem de cheiros que seguir. Nem de cores. Sentido nenhum haveria.
E se deu que, indefinidamente, à encruzilhada dessas duas trilhas que mais não se sabiam caminhos de rio, deu-se, então, de o amor se plantar ali e se dizer árvore. E crescer e ser flor e fruto. À espreita, calado, à espera. Tão ao alcance das trilhas, pleno de folhas, de vida... Mas elas não se tocavam, não se olhavam mais, aquelas trilhas. Dividiam-se, amargas, apenas.