AXIOMAS
AXIOMAS
Os versos que eu escrevo
Não são para mim, apenas defluem de mim!
Tem partes de mim, bem sei, são as metáforas,
São as fantasias! São as quimeras...
Símbolos atrás dos quais me abrigo.
Para revelar-me sem pretensas verdades.
Os versos que escrevo se neles há luz,
Essa luz vem de cada leitor,
Pois são estes, os ledores, que me sacodem, me estimulam.
Fico às vezes com as frases soltas, e todo meu ser em frêmito.
Essas frases e essas rimas dançando entre meus dedos, mas,
É também e principalmente a alma que me impulsiona.
É o coração que dita esses sentimentos...
Tudo o que vejo tudo que creio e não creio,
A dor, o pão passando de mão em mão,
Ou falta deste, às lástimas, as misérias,
As mentiras, os engodos, o desemprego, as angústias...
Um sorriso de criança!
As alegrias as tristezas, tudo para mim é questão de poesia.
Depende do ângulo que você observa.
Por certo aquele que escraviza, malbarata,
Não vê a agonia da indignidade no rosto alheio.
Aqueles que cerceiam, e que chacinam os mais simples sonhos,
Que admoestam, que levão de roldão a esperança alheia,
Que vilipendia, que mente que é ausente, que lhe foge o zelo!
Não sente na pele, o que sente essa mesma gente.
Não vêm e não sente como se fluíssem dos poros,
Dosagens extremas de resignação e dignidade e paz interior!
Os versos que eu escrevo, não são meus versos.
Eles saem apenas de mim.
Albérico Silva