Sopas de Sapos
Os sapos serão cozidos em sopas.
Os sapos falsos serão castigados com sal,
Temperados com suas banhas;
E sentirão arder suas costas com gosma
Enquanto dormirem sossegados
Na vitória-régia que invadiram.
Os sapos serão espremidos nas paredes
E o veneno de suas verrugas glandulares
Será diluído em seus estômagos amarrados.
Os sapos não terão o perdão nem das rãs.
Os sapos e suas pseudestesias da sapiência.
Todos os sapos serão moídos e encharcados
Com ácidos e outros corrosivos químicos;
E o acre sabor de suas vidas vulgares
Vai completar as receitas dos caldos adubados.
A fábula dos sapos que viram príncipes...
É tão somente uma fábula, ou uma anedota.
Os sapos são sujos e subdesenvolvidos.
Há sapos vermelhos, verdes, pretos... Obesos.
Sapos com suas sombras equinóforas.
Os sapos serão retalhados e dissecados,
Expostos ao sol como desprezíveis.
Ressecados, porém boiando nas sopas.
Os sapos serão atingidos por vários raios,
Serão punidos por suas mentiras rasas.
Todos os sapos em imensos caldeirões,
Em sopas de sobras de pacóvios anuros.
Mas os sapos não serão engolidos nunca;
Continuarão ásperos, turvos, indolentes...
E o sapo bufonídeo será sacrificado com os demais.