A realidade do maior amor

Teu corpo alvo fino, suave e nunca tocado, parecia uma imagem de cera. Fiquei extasiada, pura, ligada e deslumbrada.

Rasgas-te todo minha roupa e rolamos pelo tapete, tu me devoravas com teus olhos azuis. Eu saboreava teu corpo suado, donzelo, perfumado de uma sensibilidade angelical e cheia de frenesi. Lutamos tanto, esperamos um ano para nos entregarmos a esse amor.

Você era uma fogueira de paixão que iria queimar pela primeira vez. Eu era o fogo que você tanto esperava para ver a chama. Nossa vontade era quase selvagem. Na banheira cheia de pétalas de rosa e vinho nos banhávamos cheio de carícias e nos enxugamos com aquele cetim macio que forrava nosso leito. Foi o sexo proibido mais vivido que nos dois passamos. Os anjos tocavam, os sino repicavam as paredes da nossa casa que alugamos na fazenda que tremiam e gemiam e as estrelas invadiam nossa privacidade para iluminar nossa realidade. Tudo cheirava a amor. Dançamos despidos aquele tango de Ravel, nossas bocas coladas, você me carregando nos braços e me levava para aquela alcova onde as pétalas de rosas completavam a nossa felicidade. Não havia pecado, só gotas cristalinas e pássaros cantando melodias angelical. Quem foi que não amou assim? Foi segredo trancado por mil cadeados de brilhantes, para que ninguém pudesse fazer parte deste momento que jamais iriam compreender. Para mim você era o paraíso! Os portões abertos do teu convento, a missa que você não celebrava e eu não assitia, as sandálias que tirei dos teus pés, o manto escondido, o teu cordão que amarrava nos cinturas e eu escondia nas minhas mãos. Nossos corações batiam descompassados, corremos pelo campo da fazenda onde paramos para você limpar a areia dos meus pés e para você guardar naquela caixinha. O relógio não foi bastante para você contar os minutos da nossa vida de amor e loucura. Os sinos badalavam de felicidade. Você existe em minha vida e eu ainda moro em teu coração. Ninguém vai saber quem fomos, por onde andamos e como nos amamos... só nos dois e Deus! Nossas cartas de amor tivemos que guardar na gaveta da nossa memória, mas sabemos até hoje tudo que escrevemos um para o outro. A noite nossas mãos se entrelaçavam, nossos corpos se abraçavam, eu dormia em teu corpo despido e você se enroscava em meu braços. Onde esta você? Eu sei! Pensando em mim! Me procurando em baixo dos teus lençóis. A noite sou aquela borboleta que entra na sela do teu convento, pela manhã sou o pássaro que canta a Ave-Maria, acorda meu monge amado, vem voar comigo para o nosso mundo que ainda hoje existe, mas dentro do nosso coração onde ninguém pode ver, ouvir e entrar porque esta é a nossa historia de amor. Será que este amor existiu e ainda existe guardado naquela rocha lá longe naquela praia. Deus vai entender. Só ele entende a grandeza de um amor mesmo quando é um sonho.

Zilda Varejão de Lima
Enviado por Zilda Varejão de Lima em 15/07/2012
Código do texto: T3779258
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