Os Sonhos de Pã

Soou a flauta de Pã

E os ecos ressoaram em minh’alma

Natureza de prodígios e deuses esquecidos

E na gruta ofertei meu sacrifício

Soou a flauta de Pã

E Baco sorridente e festivo

Ofereceu-me o sangue da uva

Em uma dança frenética e sobrenatural

Soou novamente aquela flauta

E Pã iridescente desceu os montes

E banhou-se nas nascentes da vida

Onde bebiam todas as espécies

Baco agora já é adormecido

Embriagado de sabedoria

Pã assiste dos cimos nevados

E as hordas celestes cantam salmos

Despeço-me do sonho e dos santos

Dirijo-me aos rochedos da ilusão

Fico na beirada do penhasco das alegorias

E alço voo com minhas asas de falcão

O que resta é somente uma lembrança vaga

Os Deuses viraram mitos novamente

Mas o esquecimento foi retalhado

E novos altares foram fumegados com os olores sagrados

Das fontes cristalinas jorraram todas as palavras

E foi reescrito na lâmina os signos do céu

E Pã adormecido sonhava com novos mundos

Onde reinava supremo em sua natureza