Polinização Alienígena
Na árvore da vida entrego-me às borboletas
De asas cintilantes e purpurinas
E vivo metamorfoses paradoxais
Num cálido segundo que deixei para trás
Ramifico-me e misturo-me as raízes do sol
Sol de árvores, e folhas, e galhos, e vida
Agora meus frutos são pérolas entre os espinhos
Busco sombras de figueiras para plantar minhas bromélias
Agora sou hibrido àquela orquídea
As nossas flores tem todos os tons
Os universais e os expurgos estelares
E sou afagado pelos colibris e pelas jataís
Seria o amanhã apenas mais uma semente?
Ou seriam dias de vida de um único jasmim?
Sei que sou flor, sou fungo, sou um pássaro cadáver
Alimentando abutres no deserto dos meus pensamentos
Agora já não sou mais
Fui o vento avassalador
E deixei sequelas nos mundos que passei
Alimento-me de flores, sou abelha alienígena
Chegou a hora da minha partida
Tenho infinitos roseirais para polinizar
E tenho um lar de maravilhas violetas
Onde minha rainha flor sublime aguarda o meu retorno