Agora que fiquei preso neste corpo que envelhece
escondo todos os meus sonhos e brinquedos,
os segredos que juntei a minha vida inteira,
os meus pertences, o que colhi pelo caminho,
as minhas palavras ocultas no meu silêncio
e todos os meus maiores e piores medos,
escondo as asas para uma partida derradeira
e a triste angústia de voar assim sozinho...

Agora que fiquei preso neste corpo que morre
é que me ocorre que a vida nem era isto,
essa eterna infância que perco e sempre corre,
enquanto eu fico no não dito pelo não visto.
Aqui dentro dorme o menino que sempre me socorre
e que me move para uma distância de tudo imprevisto,
porque em mim não é o menino, mas o corpo que morre...

Agora que fiquei preso neste corpo que ama e sofre,
escondo as lágrimas e os gritos, os ritos e os mitos,
em que há sempre um quintal de que o menino foge
e voa para longe esse menino que agora mora em mim
e que outrora morava no infinito...
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 15/07/2012
Reeditado em 06/05/2021
Código do texto: T3778803
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