Filhos do silêncio
A poesia chora, mas também sorri
Te sinto Deus em mim...
Tony Bahia
Filhos do silêncio
Sentindo sons
Infinitos
De instrumentos...
Os versos
Emergindo da boca d'alma.
Diáphano...
Choro
Soluço
Sussurro silente...
A madrugada tem ouvidos
As paredes falam
E os bichos
Escutam gemidos.
Melhor ficar mudo.
A poesia me engole
Num resguardo de segundos
Me pari...
Volto a ser filho...
Filho do silêncio
No grito das palavras...
Suspiro, comungo
Corto o umbigo.
A inspiração transpira...
Suor e lágrima.
Se não deixar fluir, esvai-se...
Pelos poros do cérebro, os dedos
Amarra nó cego n'alma.
Não consigo desatá-lo
Por isso nunca os amarro
Nunca os tranco
Engulo chaves.
São aves.
Não és minha, mesmo tendo
Te entregue minha vida.
Solto a linha
Minha pipa colorida, ilumina céus azuis de poesia...
Voa...
Tem sons infinitos
Toca corações sensíveis, abatidos
Na eternidade dos dias.
Ácida
Pouco fluída
Solidificada.
Tecida fio a fio
Pavio
Estopim
Prece descrucificada.
Sagrado ato...
Em lavas.
Limpo na pele d'alma
As mãos sujas, com o sangue
Das palavras.
Tony Bahia