Ode à lágrima
Ela desliza pelas vertentes dos rostos
salgando momentos, marcando desgostos...
Assinalando alegrias...
Ou até por acção do vento
ou de um simples grão de areia
ou então pela emoção que causa
a beleza de uma lua cheia...
Ela é o retrato da saudade
é um atestado da ausência
de alguém que se quer bem...
É muitas vezes incompatível com o riso
mas também a este faz companhia
em instantes de euforia
em que a vida,infelizmente
não é fértil...
Ela tem uma linguagem contundente
em todos nós está presente
e povoa todos os vales
todas as cordilheiras e planaltos...
Está nas cidades
nos palácios
nos barracos
nas ruas e ruelas
nos becos sujos
e nas mansões belas...
Ela dá um tom de inocência
às faces da gente humilde
e às faces das outras gentes...
Faz brilhar os olhos da princesa
da camponesa
e da mulher urbana...
Ela desce lentamente
até projectar-se
ao encontro do esquecimento!
Ela é subtil
forte
e linda...
É uma lágrima!