Romance da Infanta do Mar
Romance da Infanta do Mar.
Fugiu a donzela ao mar
onde em ondas exala
o que contido no peito
torna as águas salgadas.
De longe mirava guerreiro
tendo o pendão e espada
vindo de distante reino
d'além dos montes d'Itália.
Era galhardo em seu brio,
de seu pai o mais amado,
rico em ouro e em prendas
trazidas todas da Arábia.
Mal olhou a triste pulcela
de tamanho donaire e encanto
que bramiu o seu corcel
e correu onde ela estava.
Esta viu-o vindo com galope,
temeu seu peito assustado.
"Quem será o gentil homem
com ares de enamorado?"
Nisso acercou-se o guerreiro:
"Chamo-me Alonso Donaro,
sou príncipe em meu país,
e duque das terras Calábrias.
Que te traz, doce donzela,
a esses rincões abandonados?"
"Fujo-me, Guerreiro nobre,
a onde possa chorar solitária.
Vejo-me cá nestes desertos
porque estou desamparada.
Sou rica e de muitos dotes,
cá, sou marquese da Cantábria.
Falta-me, porém, somente
alguém com quem, de mãos dadas,
possa eu ser dada por esposa
domar esta terra e governá-la"
Deu o nobre galhardo sorriso,
disse:" Se me aceitas, bela dama,
cá em vossas mãos me encontro,
de alma rendida e abandonada"
Disse isto e veio cortante o medo
que faz os corações desalinhar-se,
mas este se repousou quieto ao ver
na dama um sorriso desenhar-se.