Escutando o Silêncio das Transformações

Escuto somente o silêncio do corpo

Mergulhado em si

Imerso em um uni (verso)

Paralelo de uma vida

Outra vida em si vivida

Ou um sonho sem desvelo

Escuto meu silêncio no espelho

E o reflexo de outro eu

Perplexo

Ou outro me olhando

Eu mesmo um reflexo convexo

Ou mesmo um sonho de algo superior

Escuto as vozes em silêncio

Agora eu só

Sombrio comigo mesmo

E cego com a própria luz

Trancafiado em uma bolha

Prestes a romper a casca da carne

Escuto ecos vazios

E vejo a frente um terreno fértil

A terra foi renovada

Eu agora o agricultor da vida

Em plenitude e alinhamento

Como eu fosse a própria semente

Escuto as raízes em vozes caladas

Elas ramificam minhas vontades

Por entre os sulcos da terra

Vejo o universo das vontades

E o Todo renascendo em germinação

Dentro do recipiente de eu mesmo

Agora ouço todas as vozes

Minhas células arquitetam entre si

Meu ser se modifica em equações

E desintegro os sentidos antigos

Agora ouço meu eu em um pensamento

Ele é uma grande vontade prima e cristalina...

Agora eu calo... Nesse grito de vida longo e silencioso...