EU SOU


Eu sou a luz que brilha

Que te ilumina

E que te cega,

Centrada no alto

Da tua treva.

 

Eu sou o chão que te falta

E o abismo que te acolhe

E que recolhe

Teus passos claudicantes.

 

Eu sou aquele que te leva

Ao limiar da tua queda

E que te empurra

Quando tu medras.

 

Eu sou a voz que tu sufocas

E o medo que te derrota,

Eu sou a faca que te corta

E o teu sangue, quando jorra.

 

Eu sou a dor, na agonia

Da esperança que tu tinhas

E que te deixa

Sentado à beira de uma estrada

Diante do teu nada.

 

Eu sou o sol no horizonte

Que banha a tua fronte

E que te salva

Da escuridão da tua alma.

 

Eu sou aquele que te fala

E que declara

Que o amor que tu sustentas

Nem sempre vence.

 

E quando a dor chegar, te ergas,

Vá à janela

E grite alto, muito alto,

Quando a esperança estiver morta,

 

Pois é tolice tentar ser

Demasiadamente forte,

Conter o grito que te nasce

Depois do corte.


 
Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 14/07/2012
Reeditado em 16/06/2020
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