ÁFRICA
ÁFRICA
Mãe!
Todo negro no Brasil,
De certa forma, e não são quimeras,
Não são falácias, ainda têm,
Uma corrente presa ao pescoço.
E os passos estorvados,
Por essa infame engrenagem,
Chamada preconceito!
E uma arma apontada para a cabeça,
Cujos gatilhos são acionados de diversas maneiras...
O pandemônio que vem desses guizos...
Desses chocalhos assombrosos é institucional.
É tanto subjetivo quão paradoxal.
Tanto intratável quanto infernal!
Ainda são arquétipos opressos,
Vivenciados no nosso dia-a-dia.
Estampados nas esquinas da vida,
Nos becos, nos guetos nas favelas, nas escolas...
Horas, camuflados, velados, contrafeitos,
Ora, soltando aos olhos da cara!
Estereótipos discorridos no padrão da pele.
Ainda por aqui, Mama África,
Tem negrinho levando açoites,
Nos diversos pelourinhos institucionalizados,
Gemendo que dá gosto!
Sombras vivas, notificadas...
Escorridas ontem nas senzalas,
E fotografadas hoje na impunidade.
A apontar o dedo em riste.
Para as tristes concepções,
De César Lombroso e Nina Rodrigues!
A deixar pegadas...
A fazer escola!
A tripudiar,
Sobre esse rastro de sangue.
Rio de sangue que verte,
Abundante, e que jorra,
Nessa história!
Albérico Silva