Renormalizando
Quero escrever com a letra tombada,
calmo, caneta e papel, página rabiscada,
como antes, rejuvenescendo o poema.
Quero redesenhar palavras de amor,
incapazes de serem naturais ao computador,
refazer o passado, retecendo o tempo.
Quero perceber após cada movimento,
a tinta secando, abastecendo meu contentamento,
quero tragar meus versos de forma visceral.
Quero recompor as anomalias do sentido,
a abstenção do foco, a abstração do não vivido,
reeducar neste instante o homem morto.
Quero entender a fuga formidável do real,
quero meus sonhos batendo na porta, não quero o mal,
quero a revolta do bem na volta ao normal.