CARNAVAL
É carnaval... pierrô, colombinas... Confetes, serpentinas.
Máscaras por onde se olha, agora visíveis...
Nessa época são como que marcas registradas
Dessa festa aparentemente tão animada.
Porque não consigo escrever o carnaval?
Fico parada diante dessas letras
Tentando encontrar o motivo de tal bloqueio
Mas só encontro a tradução do meu momento...
Ano após ano tento no abecedário
Reunir as letras, fazendo o meu íntimo se mostrar...
Mas pela tradução que fazem dessas letras
Não consegui meu objetivo alcançar!
Me rotularam mulher alegria, brincadeira
Volúpia, magia, tesão...
Já fui chamada até de mulher vulcão...
Quente, sedutora, que a muitos chega a seduzir...
Como se eu fosse um carnaval efêmero
Trocando de máscara a todo o momento...
Vestindo fantasias, jogando confete, serpentina...
Sendo as vezes pierrô, outras vezes colombina!
Nunca leram as minhas entrelinhas...
Nem souberam da minha fraqueza...
Não perceberam a minha tristeza...
Não encontraram a minha poesia!
Minhas poesias nunca passaram
De um amontoado de letras perdidas...
Ou meu abecedário é incompleto
Ou não aprendi a colar as letras como devia!
Não sou carnaval... estou mais para quaresma.
Não sou alegria, estou mais para a tristeza...
Não sou volúpia ou tesão...
Sou mulher e viver todos os momentos
Tentando traduzir este meu coração!
Santo André, 20.02.04 - 14:47 h