Sub Caelo
Sub Caelo.
De que me valeria um deus que me poupasse a dor na vida
e se aos vermes negasse a minha carniça?
_Seria eu então, menor que o parasita!
De que me valeria um deus que agarrado à minha mão, se com a sua outra, me abafasse o grito?
_E eu seria apenas sombra do que sou, e minha alma, qual terra que se abre e não germina.
E os meus olhos que vislumbram celestiais encantos ao sucumbir tal sonho veriam um deus tirano.
E eu não saberia o que é complacência, Somente a demência desse deus profano, se não me ouvisse o pranto em sua negligência.
De que me valeria um deus clamar em vã alegria de quem jamais sentiu o desespero que há vida se agitando ..num gozo, num trago, no dolo que há na duvida da própria natureza bruta em que a alma habita., sem jamais saber-se fera ou pétala que irisa. Apenas contemplar o tempo se esgotando, na tola esperança de um deus que me sirva além da vida, essa morte eterna de quem se santifica e não erra, não treme e só respira.
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Cristhina Rangel.