Na estrada,
Sempre a não caminhada,
Navegar nem era preciso,
Mas vou contra todas as vontades
E não fujo, não corro. Eu não venho.
Não é tão segura a distância que mantenho
Da triste figura que faço de mim mesmo...
É mesmo!
Tudo que sei é não estar.
Supostamente perdido,
Talvez perdidamente suposto,
O oposto do oposto do oposto de mim
É este ser que sempre esconde o rosto.
Na estrada tudo é não estar
E nunca estou onde sempre se espera
E ninguém me espera onde sempre estou...
Irônico não viver de alguma esperança
A espera ainda de um maior desespero,
De um desterro, de um desatino,
Todos os sorrisos que trago com esmero
São ainda de meus tempos de menino.
A estrada é o tempo.
E o tempo passa e não vivo sua passagem,
Passo primeiro, passo adiante, um passo além
Um passo em falso e passo a fazer parte da estrada
E tudo que é, é somente isso.
A mais que isso eu não pertenço.
É pretenso o jogo fútil de me iludir a esmo
E sei muito bem que não existo nem quando penso.
Sou feito de distâncias e de partidas, estradas infindas
E de impensáveis retornos improváveis que me fazem
Pertencer a todos os esquecimentos...
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 12/07/2012
Reeditado em 07/05/2021
Código do texto: T3774127
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