Sexta Sarau
Imaginei um local
Onde havia cultura em toda parte;
Onde a poesia enchia os ares,
Onde fotos despertavam olhares,
Onde se respirava criatividade.
Um ambiente iluminado por idéias
Fruto de um ideal que seja meio e fim
Para a poesia produzir seus sons
E música para sussurrar no ouvido
A melodia artística do ser.
Era um mês do outono,
Estação pouso desse lugar.
Pensei ser um sonho
Até perceber o conjunto.
Pensadores, fotógrafos, e poetas
Unidos em um saber fazer um mundo
Ideal para toda e qualquer arte.
Esse lugar era um bar
Ideal para o resgate boêmio
Do ser bêbado e equilibrista
Simplesmente por ser artista
Cada um de uma época
Vivendo ao mesmo tempo.
Nesse lugar havia espaço para românticos
Navegantes de Castro Alves
Ou para melancólicos cinestésicos
como Augusto dos Anjos
Satíricas encarnações
de Gregório de Matos
Abriam caminhos para o engajar
de João Cabal de Melo Neto
Cruzando os trilhos da mineiridade
Na linha de Carlos
Drummond de Andrade
Introduzindo a poesia contemporânea.
Todos eles estavam presentes
Como intertexto dos novos autores
Expandidos em temas planetários
Inspirados nos corpos, almas e copos
Soltos e desprendidos em encenações
De um grande lirismo coletivo.
22/10/00