O silêncio das palavras

Não é por um mero acaso que elas brotam

Circulam por tantas bocas

Como canções perdidas que restauram momentos

Rasgam o céu, sobem em direção ao tempo

Por vezes, elas caem como pedaços de ondas

Morrem e perdem a força por corações teóricos

Suavizam o ouvido quando carinho

Iluminam como sois muitos prantos, às vezes pedras por tantos espinhos

Descem por gargantas como gelo

Poderosas em discursos de quem visa o lucro

Tornam-se escuras em almas sombrias

Vaidosas, amigas e soberbas

São macias quando carinho

Repousam em colchões e minhos

Sexo e outros mistérios

Em sussurros é um poderoso afrodisíaco

Choram pelo filho em letras maiúsculas

Na igreja, o caminho para o sagrado amor

No cemitério, um adeus sem amanhã, dor

Entortam cabeças por chamados

Brilham no escuro, no afã, no talho

Estão no discurso de advogados, amigos e bandidos

Batem por xingamentos malditos

Esticam-se como elástico para ofender a quem não gosta

Recolhem-se quando não foi dita a quem ama

Transformam-se em sorriso para mostrar simpático

Não voltam, lapsos

Ajudam a dar à luz a outras

Num infinito mar de rimas, poesias e textos

Em olhares que não são ditos

Palavras e silêncio

Rumo ao peito rumo ou mito

Moldadas é vaso de barro

Até que fique perfeita

Quebra-se, demônio ou casto

Você me diz mais com o seu silêncio

...

Foi beijo