QUALQUER COISA
Às vezes sou feito vento na vidraça,
feito um mendigo na praça,
feito um palhaço sem graça.
Ando tão desiludido,
feito um cão perdido,
feito um cego distraído.
Vivo quase aniquilado,
feito um feto abortado,
feito amor acabado,
sexo não consumado.
sigo à deriva, sem ter alegria,
sem teogonia, na agonia,
vivo de utopia, sem euforia,
passo noite e dia, fazendo poesia,
mas filosofia, não traz companhia.
Acho que ando mesmo chato,
que quase me mato,
choro pelos cantos, buscando acalanto,
mas esse meu canto, digo, no entanto,
às vezes é remédio, noutras puro tédio,
muita peçonha, muito veneno,
o mundo é tão vasto, e eu tão pequeno.
Saulo Campos _ Itabira MG