QUALQUER COISA

Às vezes sou feito vento na vidraça,

feito um mendigo na praça,

feito um palhaço sem graça.

Ando tão desiludido,

feito um cão perdido,

feito um cego distraído.

Vivo quase aniquilado,

feito um feto abortado,

feito amor acabado,

sexo não consumado.

sigo à deriva, sem ter alegria,

sem teogonia, na agonia,

vivo de utopia, sem euforia,

passo noite e dia, fazendo poesia,

mas filosofia, não traz companhia.

Acho que ando mesmo chato,

que quase me mato,

choro pelos cantos, buscando acalanto,

mas esse meu canto, digo, no entanto,

às vezes é remédio, noutras puro tédio,

muita peçonha, muito veneno,

o mundo é tão vasto, e eu tão pequeno.

Saulo Campos _ Itabira MG

Saulo Campos
Enviado por Saulo Campos em 12/07/2012
Reeditado em 19/07/2012
Código do texto: T3773874
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