De quando
diz-me em palavras
qualquer uma delas
que te caiba, como
se vê em janela estreita
o fundo da praça
embaixo do céu de um
janeiro qualquer feito
de lembranças enquadradas
na memória...falas de quando
menino, de quando menina
de quando sabido, de quando
visto...
caiba-se na palavra simples
sem retoque, dessas que
se fala na rua, na praça
da feira ou no povoado
rodeado de rosas brancas
e de cravos encravado
nas mãos das moças
e dos rapazes, me fale
dessas palavras que se
nomeia cancelas, matagal
capoeiras, nome de senhoras
de lenço na cabeça
que habita pequenos sonhos
á janela da rua,
que dali de seu pequeno quadrado
a vida passa com seu prazer
e seus dizeres feito de mordaça
e de beleza....
se torne palavras, se torne
rua, se torne gente que
também é feito de palavras
que anda na entrada do boteco
e na noite sem fim que ronda
aqueles meninos da praça
que não tem o comer...
aprenda palavras
que sejam suas
e não palavras perdidas
num campo de desespero...