Indissolúvel tempo de amar
O quê é esse tal "amor"?
Respondia o velho Durval:
O amor tem tortuosas invenções.
O "seu" Durval completava:
Por caminhos sinuosos trilha
corações novos e às vezes usados.
O rabugento "seu" Aristides retrucava:
Nada, nada mesmo
que não seja em si e para si.
Disseram-me: os sinos estão dobrando!
Pensei: chamam para missa,
batizado ou funeral, tanto faz!
Insistiram: os sinos estão tocando!
Ainda calado pensei: se for casamento?
Pouco importa.
E se os sinos dobrassem para o amor?
Ficamos os três anciãos
Olhos com tristezas diferentes.
O "seu" Durval cuspiu de lado
seu solene naco de fumo:
Eu correria feito menino
para ver o sim,
sim ao amor.
Pigarreou, cuspiu e concluiu:
Nascer e morrer,
no meio amar
fora isso,
é caminhada solúvel no tempo.