Essa noite que adormeço
e de novo aqui estou
eu, de olho no porta retrato...
mil anos congelado entre
a moldura...
seu rosto ainda febril.
exala ainda aquele
gosto de vida, de crustáceo
de rio profundo, sua boca
escorrega como lajedos
frios, como essa encosta
que subo quando estou
em transe...
mil anos congelados,
e o susto de uma floresta
negra ainda beira seu entorno,
como se essa noite de cadáver
estivesse sempre alhe rondar...
é bela ainda, é bela de dar medo...
essa foto sussurra em meus ouvidos
palavras de cristais trincado, ou
quem sabe suspiros sufocados...
como se estivesse á porta
da partida, como se ja estivesse
partido, mas a saudade profunda
lhe mativesse viva, como está
viva essa noite em que te vejo
nesse porta retrato quase
morto...