Indecisão
O mar
Amedronta
O precipício
Atrai.
Que tendência humana é essa,
indecisa,
Contrária à vida?
Que deseja a salvação no fim
Mas que expulsa de si a existência,
dia pós dia.
Vontade de viver
Quando tudo está perdido
Querência de partir
quando o mundo lhe é oferecido.
Que tendência humana é essa
indecisa,
Negativa?
Contrária aos rumos da vida?
Dou-te meu desprezo
Quando teu amor é verdadeiro
Mas preciso do teu amor
Se por mim és neutra.
Vive-se esperando a morte
Morre-se desejando a vida
Lamenta-se na conquista. Insatisfação.
Sorri-se quando é dor.
No fim, um recomeço.
Lamenta-se o possível, quando apenas longe
Contenta-se não conseguir, sem tentar de novo.
Festejo de lamentos.
Complica-se o amor
Teorizam-no,
À luz da razão,
Armam esquemas, ilustram-no,
Explicam, delimitam dosagens
Erram.
Sem rumos, praticam-no bem
De olhos fechados
No escuro solitário
Num ciclo interminável
De pólos que invertem
Todos os sentidos significativos.