AUTOFAGIA
AUTOFAGIA
NÃo amo nada. Disse e repito.
que sejam as rosas dadas aos românticos.
Deixem-me com o concreto, êmbolos e sais.
Esqueçam. Que aqueles que chamei amigos
Se esqueçam deste que depõe a caneta
Dobra-se ao decúbito e esquece o mundo.
Passo indiferente pelas ruas
Sequer olhando para a lua
Que brilha nos olhos dos sensí¬veis.
Meu coração é pura vastidão e silencio
Sol e algumas nuvens divertidas no deserto;
As artérias conduzem areia e sal pelo corpo.
Não me falem notí¬cias! De que valerão?
Não cabe a mim mover o mundo
De nada valerá minha intervenção.
Deixem as rosas serem distribuí¬das
Não impeçam a passagem de Moacyr
Nas boates do centro da cidade.
Apenas não as tragam para mim!
Não me tragam nada!
Não me hostilizem com essas nulidades!
Alijei-me do mundo.
Quero o balsâmico silencio
Para esquecer tudo
Esquecer das mortes, agoniação
Esquecer as alcatéias famintas
Vivendo em meu coração
Esquecer que a cada dia que passo
Alimento a mim mesmo com
Nacadas autofágicas da minha emoção
Não amo nada, já repeti
Apenas verto minha dor
No cálice que me embriaga.