OUTRO TERRAL

OUTRO TERRAL

O vento dobra galho

empurra nuvem

brinca com fumaça

O sol atiça os bichos

plantas mostram capricho

nas flores mais bonitas

enfeitando o que sobrou

da selva que aqui reinou

No meio desse nada

rodeado de tanto tudo

na falta de gente

sinto-me parte do mundo

Uma enorme pequenez de ser humano

aperta meu coração urbano

que quer ser aerícola, aerívoro

pertencer a essa natureza

que me mostra sua grandeza

na folha que cai,

no vento que canta

na praia do rio que anda.

Constrangido por tanta beleza

minha cabeça pára

seu serviço o coração encerra.

Sentindo-me nada

abasteço-me de tudo.

O corpo sobre a relva

Essa vontade de fazer parte do mundo

puxa da carne um gemido

dos orgasmos, o mais profundo