FUGA nº1

FUGA nº1

Não tenho mais como me esconder

Todas as portas estão fechadas

Todas as luzes apagadas

Restando apenas esse clarão dos teus olhos

Alumiando meus suores na madrugada.

Todas os lugares são descobertos

Todos os dias decupados

Para o grande espetáculo.

Cerro os punhos com ódio

E amo em desespero alucinado.

Nada consegue separar minha vida

Das tuas lembranças.

Já fiz de tudo para esquecer

E continuo amando apesar de tudo

Embora odeie viver dentro do túmulo.

Abro a janela para a chuva de repente

Ameaço uma música antiga

Falando do paraíso

Derroto uma tristeza nociva

Embargo teu nome reptício.

Todas as ruas vão ao mar, neste lugar

Os dias alimentam-se de tempo

As noites recolhem os meninos

Todas as minhas horas são nominadas

Todos os dias por ti contaminados

Não tenho como me esconder

Todas as fugas foram tentadas

Resta-me, apenas, esse alarde

Essa derrota, esse fingimento

De lembrança do que é sofrimento.